

A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que torna obrigatória a avaliação de riscos psicossociais no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), representa um marco na valorização da saúde mental no ambiente de trabalho. Embora sua obrigatoriedade tenha sido adiada para 2026, a mudança exige uma postura proativa das empresas diante do crescimento alarmante de afastamentos por transtornos mentais.
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A saúde mental como obrigação legal e estratégica: a NR-1 atualizada reconhece os riscos psicossociais como parte essencial da segurança no trabalho, exigindo das empresas uma abordagem integrada ao bem-estar mental.
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Cenário preocupante e impacto nos negócios: o aumento expressivo dos afastamentos por transtornos mentais destaca a urgência de ações estruturadas, sob pena de graves prejuízos econômicos e sociais.
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O adiamento como oportunidade e risco: embora o prazo estendido permita melhor preparação, o risco de inércia é alto; empresas devem aproveitar o tempo para promover mudanças reais e duradouras.
A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), atualizada pela Portaria nº 1.419/2024 estabelece diretrizes para a gestão de segurança e saúde no trabalho no Brasil. Uma das inovações mais significativas dessa atualização é a obrigatoriedade de incluir a avaliação de riscos psicossociais no GRO – Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, a partir de 26 de maio de 2025, no entanto, a vigência foi adiada para 26 de maio de 2026. Essa medida reconhece que fatores como estresse, assédio, carga mental excessiva, metas excessivas, jornadas extensas, ausência de suporte, assédio moral, conflitos interpessoais, falta de autonomia no trabalho e condições precárias de trabalho impactam diretamente a saúde mental dos trabalhadores e, consequentemente, o desempenho organizacional.
A saúde mental dos trabalhadores é um fator crítico para a produtividade e sustentabilidade das empresas. Dados recentes indicam que, em 2024, o Brasil registrou o maior número de afastamentos por transtornos mentais em uma década, totalizando mais de 472 mil licenças concedidas. Os principais motivos foram transtornos de ansiedade e depressão. Um aumento de 68% em relação a 2023 e 400% desde a pandemia.
Esses afastamentos têm implicações econômicas significativas: a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 12 bilhões de dias úteis sejam perdidos globalmente, todos os anos, devido à depressão e ansiedade. Isso representa uma perda de US$ 1 trilhão por ano. Além disso, pesquisas revelam que 86% dos funcionários considerariam mudar de emprego para preservar a saúde mental, e 76% conhecem alguém que precisou se afastar do trabalho por questões psicológicas.
Esse adiamento apresenta tanto benefícios quanto desafios:
Aspectos Positivos:
- Tempo para Adequação: O prazo estendido permite que as empresas, especialmente as menores, se preparem adequadamente, desenvolvendo políticas e práticas eficazes para a gestão dos riscos psicossociais.
- Capacitação e Sensibilização: O período adicional pode ser utilizado para capacitar gestores e colaboradores sobre a importância da saúde mental no ambiente de trabalho, promovendo uma cultura organizacional mais saudável.
Aspectos Negativos:
- Risco de Inércia: A ausência de fiscalização imediata pode levar algumas empresas a postergar ações necessárias, mantendo ambientes de trabalho que não promovem o bem-estar mental dos colaboradores.
- Continuidade dos Prejuízos: Enquanto as medidas não são efetivamente implementadas, os afastamentos por transtornos mentais continuam a crescer, impactando a produtividade e gerando custos significativos para as organizações e para o sistema de saúde pública.
A NR-1 representa um avanço significativo na promoção da saúde mental no ambiente de trabalho. Sua efetiva implementação é essencial para reduzir os afastamentos por transtornos mentais, melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e aumentar a produtividade das empresas. Embora o adiamento da fiscalização proporcione um período de preparação, é crucial que as organizações utilizem esse tempo de forma proativa, adotando medidas que priorizem o bem-estar mental de seus colaboradores
Fonte de dados: G1, Revista Exame, OMS, NR1 e Ministério da Previdência Social
Autora: Taíssa Mariotti
Psicóloga clínica e organizacional, Administradora formada pela UERJ. MBA – Especialização em Gestão de Pessoas – UFF. Especialista em Carreira pela SBC. Mais de 15 anos em grandes Organizações na área de Recursos Humanos, empresas como: Telemar (Oi), Repsol Sinopec, Eni Oil, Odebrecht. Sólida experiência na estruturação de planos de carreira, avaliação de perfil, competências nas áreas de recrutamento e seleção e treinamento e desenvolvimento.
Professora da FGV de 2014 a 2017, no curso Formação em Analista de Recursos Humanos, nas disciplinas: Atração e seleção de talentos e Autogerenciamento. Professora de Processos seletivos da PROSEEK.
Consultora de empresas como: re.green, Hortifruti, Prosafe, Ceptis, Ocyan.
Atua na clínica há 10 anos com uma base existencialista, formação em Terapia do Esquema, terapia sistêmica e formação em andamento em Análise Bioenergética (psicoterapia corporal). Integro minha vivência corporativa e clínica para promover saúde mental e qualidade de vida nos indivíduos e nas organizações.